A Periodontologia é a área da medicina dentária que se dedica ao estudo e tratamento das doenças da gengiva e do suporte periodontal.
Estas doenças podem levar à perda de um, vários ou todos os dentes.
Os sinais de alerta mais frequentes são a hemorragia durante a escovagem, a mobilidade dentária, a hipersensibilidade ao frio e a abertura de espaços entre os dentes.
Os problemas periodontais podem ainda ser detetados num exame radiográfico de rotina. Além do controlo de fatores sistémicos predisponentes e de hábitos potenciadores e precipitantes da doença, o tratamento é local.
Regra geral, o tratamento consiste numa consulta com um Higienista Oral prévia, uma avaliação periodontal completa, uma fase higiénica com descontaminação dos depósitos de bactérias, uma reavaliação dos resultados obtidos e o tratamento cirúrgico das zonas ainda descontroladas com possível reconstrução dos tecidos periodontais perdidos pela doença.
O aumento prévio dos tecidos moles e o tratamento da sobrecarga sobre alguns dentes poderá fazer parte do tratamento geral.
As doenças periodontais dividem-se em dois grandes grupos: as gengivites e as periodontites.
A gengivite corresponde à forma mais leve deste tipo de doenças, apenas as gengivas estão afetadas, e provoca vermelhidão, edema e sangramento, mas ainda sem perda de inserção das gengivas (retração) e sem reabsorção do suporte ósseo dentário. Geralmente nesta fase, os doentes referem pouco ou nenhum desconforto.
Esta patologia é reversível com tratamento profissional e cuidados de higiene oral adequados por parte do doente. A gengivite se não for tratada, e se o doente apresentar uma suscetibilidade para as bactérias periodontais, pode evoluir para uma periodontite.
Na periodontite, além da inflamação da gengiva, há também uma destruição mais profunda e irreversível dos restantes tecidos de suporte, como o osso alveolar e o ligamento periodontal, podendo nas situações mais avançadas comprometer os dentes afetados.
Há essencialmente dois tipos distintos de periodontites: a crónica e a agressiva. Dentro de cada uma, a periodontite pode ser localizada, se afetar um grupo restrito de dentes, ou generalizada, se afetar a maioria dos dentes; igualmente, o grau de gravidade pode variar do mais leve para o mais avançado.
A periodontite crónica tem uma evolução mais lenta e afeta, maioritariamente, indivíduos com mais de 35 anos, a periodontite agressiva tem uma evolução mais rápida, afetando principalmente indivíduos jovens.
Além disso, o tipo crónico é a forma mais comum das periodontites, sendo a agressiva uma forma rara.
Estima-se que a maioria da população adulta, cerca de 3 em cada 4 pessoas, seja afetada universalmente por alguma forma de doença periodontal.
A gengivite afeta quase a totalidade da população, tanto infantil como adulta.
A periodontite afeta quase um em cada dois adultos com mais de 35 anos.
Contudo, somente 5 a 20% da população parece sofrer das formas mais severas de periodontite.
Toda a população em geral está em risco de desenvolver gengivite, se não conseguir higienizar adequadamente os seus dentes e remover de uma forma eficaz a placa bacteriana.
Se a gengivite persistir durante muito tempo e se acumularem outros fatores (genéticos, ambientais, locais…) a doença pode progredir para uma periodontite. Nem todos os indivíduos com má higiene oral e gengivite desenvolvem periodontite. Para esta evolução ocorrer é necessário que o indivíduo apresente também uma predisposição para a doença, designada de suscetibilidade.
Durante os anos, a medicina dentária e os próprios doentes foram valorizando progressivamente mais a estética dos tecidos moles orais (“estética rosa”), quer nos dentes, quer nas reabilitações com implantes.
Hoje em dia, a cirurgia plástica gengival assume-se como área complementar relevante no sucesso da estética dentária.
Estas técnicas podem ser técnicas subtrativas, em que se melhora a estética gengival através da remoção cirúrgica de tecido gengival redundante, ou reconstrutivas, em que se procura melhorar a disponibilidade de tecidos moles.
As técnicas subtrativas são aplicadas na correção do sorriso gengival e em eliminação de tecido gengival na origem de bolsas periodontais. As reconstrutivas são aplicadas no recobrimento de superfícies dentárias expostas com relevância na estética dentária.
Além da sua função estética, a gengiva tem um papel de proteção quer de dentes quer de implantes, sendo um tecido importante para garantir o sucesso a longo prazo.
A falta de gengiva poderá levar a dificuldades de higienização, inflamação recorrente, infeções e, em última análise a perda de dentes ou implantes.
A gengiva pode ser aumentada com recurso a técnicas de enxertos gengivais. Nestas, uma pequena porção superficial do palato do próprio doente é usada como enxerto. No mesmo momento, é colocada uma placa transparente de proteção que protege a ferida resultante. O enxerto colhido é então estabilizado na zona onde queremos aumentar a gengiva com pontos de microcirurgia periodontal.
Os dentes podem ser perdidos por cárie, doença periodontal, ou complicações associadas aos tratamentos dentários. Em Portugal, fruto da pouca implementação de tratamentos conservadores, existe uma prevalência muito grande de indivíduos desdentados.
A falta de dentes pode ter consequências negativas importantes ao nível da função mastigatória, fala, estética e saúde de todos os outros dentes da cavidade oral. A perda de um dente pode ser um evento precipitante numa cascata de outros eventos que levarão a múltiplas perdas dentárias.
Por estas razões, é fundamental a reabilitação dos dentes perdidos, seja com estruturas fixas ou removíveis.
Os implantes dentários são o tratamento de escolha na maior parte dos casos já que permitem uma reabilitação fixa e independente dos dentes.
Estes dispositivos médicos podem possibilitar a reabilitação de um, vários ou todos os dentes que foram perdidos, com recurso a uma técnica cirúrgica previsível.
Um adequado planeamento de cada caso com recurso a exames de imagiologia tridimensionais permitirá detetar de antemão necessidades de aumento do osso, cujas técnicas poderão ser realizadas no dia da colocação dos implantes ou previamente, dependendo da disponibilidade óssea remanescente.
Os implantes poderão ser reabilitados com função imediata, que implica a colocação da estrutura protética provisória no dia da colocação do implante, ou alguns meses mais tarde. A modalidade de reabilitação é realizada de acordo com o planeamento individual de cada caso.
Após a extração dentária, o osso subjacente sofre um processo de reabsorção fisiológica ao longo do tempo. Portanto, quanto mais tempo passa depois da extração, maior a probabilidade de existir uma disponibilidade óssea ideal insuficiente para a reabilitação com implantes dentários, que são instalados no osso.
Em zonas cujos dentes foram perdidos há muito tempo ou por infeção ou trauma, poderá existir a necessidade de abrir mão de procedimentos de regeneração óssea.
Estes poderão ser executados antes da colocação do implante ou simultaneamente com este. O aumento da disponibilidade óssea poderá ser conseguido através do recurso a biomateriais de origem animal processados ou, menos comumente, a tecido ósseo do próprio doente.
As técnicas de regeneração óssea são técnicas altamente seguras e previsíveis.
A sua necessidade, na quase totalidade dos casos, é detetada antes da cirurgia de implantes através da análise de exame imagiológico tridimensional dos maxilares e planeamento individualizado.
A Ortodontia é a área da medicina dentária que se dedica à prevenção, diagnóstico e tratamento da má-oclusão dentária e das alterações dento-maxilares, através da movimentação dentária promovida com recurso a vários dispositivos médicos. A movimentação dentária faz-se dentro dos tecidos que suportam os dentes, cujo conjunto tem o nome de periodonto. A Periodontologia é a especialidade da medicina dentária que se ocupa da promoção da saúde, reconstrução e regeneração desses tecidos. A presença de tecidos de suporte dos dentes saudáveis, com quantidade e qualidade suficiente para a movimentação dentária afigura-se de especial relevância para o sucesso e prevenção de complicações associadas ao movimento ortodôntico.
A crescente procura de tratamento ortodôntico por parte da população adulta, por motivos estéticos e funcionais, veio tornar ainda mais estreita a necessidade de uma relação interdisciplinar e coordenação de tratamentos entre a Periodontologia e a Ortodontia.
Um dos sinais da doença periodontal que afecta os tecidos de suporte dos dentes é a mobilidade dentária. Essa mobilidade pode ser causada por um conjunto de factores relacionados com a Periodontologia, através da perda de tecidos de suporte dos dentes, e com a posição dos dentes. Uma má posição dentária, além das inevitáveis consequências estéticas, poderá resultar numa sobrecarga dos tecidos periodontais. Por outro lado, os dentes afectados periodontalmente poderão movimentar-se mais facilmente, processo a que chamamos migração patológica. A Ortodontia realizada após o tratamento periodontal potência uma melhoria significativa de parâmetros como a mobilidade dentária, ao repor o dente na sua posição mais harmoniosa do ponto de vista funcional, e a estética do sorriso.
Os dentes mal posicionados, por outro lado, também condicionam a possibilidade do doente os higienizar eficazmente, favorecendo o descontrolo de doenças da gengiva e cárie dentária. Quando existe apinhamento dentário, por exemplo, é dificultada a possibilidade de higienização dos espaços entre os dentes.
O correcto posicionamento dos dentes, com recurso ao tratamento ortodôntico, permite melhorar a higiene oral e, com isso, favorecer a manutenção da saúde periodontal a longo prazo.
Um dos tecidos que constitui o periodontonto é a gengiva. Quando existe alguma perda de gengiva dizemos que existe uma recessão gengival. Ela pode ser causada por doença periodontal, trauma por escovagem ou má posição dentária. Frequentemente é necessário um procedimento cirúrgico de manipulação da gengiva com vista à correcção de uma resolução gengival. Na resolução de problemas muco-gengivais, como as recessões gengivais, a Ortodontia pode coadjuvar o tratamento através da optimização da posição dentária caso esta seja uma das causas da recessão, sendo realizada antes ou após os procedimentos periodontais, por forma a favorecer o posicionamento dos dentes e raízes e condicionar um melhor resultado pré e/ou pós operatório.